“Então é Natal, e o que você tem feito?” – algumas reflexões

 

21 de dezembro 2010

Em 1975 , Jonh Lennon gravou “Happy Christmass (War is over)” que se tornou uma das músicas mais importantes de Natal, com versões em todo o mundo. Ele começa sua musica com um questionamento interessante,

“Então é natal,

e o que você tem feito?”

Essa uma questão muito pertinente que atravessa os vários natais vivemos. Pode parecer estranho falar em natais, mas, de fato, temos diferentes realidades que nos remetem ao dia 25 de dezembro. Apesar de serem distintos, a linha que os separa é muito tênue, afinal, são todos natais.  E quais são eles?

O primeiro é o Natal Cristão –  que seria, em nossa cultura, o “Natal” original, lembrando que natal vem do latim natalis que é derivado do verbo nascor, que é nascer. Assim, é bem claro e difundido que o Natal é uma clara referencia ao nascimento de Jesus Cristo. No natal cristão celebra-se, com o nascimento de Cristo, o nascimento da esperança de salvação. Para a cristandade, o natal marca a mudança na relação do homem com Deus, como diz do texto bíblico “Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade.”Jo.  1:14 (NVI). Deus se fez carne e estabeleceu uma relação uma com os homens, relação esta que culminou com no sacrifício de Cristo para selar essa relação, marcando assim pela “salvação dos homens”. Independente das relações e questionamentos feitos do natal com mitraísmo, para o cristão o  Natal é um dos mais importantes “mistérios cristãos” que simboliza o nascimento da esperança e da possibilidade de transformação, pois é seguido de um novo ano.

O Segundo é o Natal da confraternizaçãoApesar de ser inspirado no que chamei de “Natal Cristão”, o natal da confraternização não tem um caráter religioso, mas, um caráter afetivo e social, onde paramos para estar com as pessoas que amamos. Essas confraternizações se desenrolam ao longo do mês de dezembro e culminam com a reunião familiar de natal. Muitas vezes, não guarda tanta relação com a religião.Esse natal é importante por possibilitar um momento onde as pessoas podem, em nome de um “espirito natalino”, apaziguar qualquer questão ou problema surgido ao longo do ano.

O Terceiro é o Natal das Compras – Esse é o natal do “papai Noel”. Onde há o imperativo de compras, de consumo. É interessante, que esse natal está relacionado com os dois anteriores pois, há uma esperança de fartura e de um futuro melhor (do natal cristão) somado com a possibilidade de expressar afeto pelas pessoas pessoas queridas com presentes. É interessante, que não podemos apenas criticar essa forma de natal, pois, é o período do ano, com as promoções, muitas famílias encontram condições para melhorar a qualidade de vida.

Essas três formas de natal caminham juntas. Não dá para dizer qual é a correta, como disse, elas se interpenetram. Contudo,  a questão de Jonh Lennon continua

“Então é natal,

e o que você tem feito?”

Independente do natal que vivamos predominantemente, devemos nos atentar para as outras formas. Devemos, refletir que vida que vivemos, ou “ o que temos feito”, justamente para pensarmos a “vida que queremos’” e “o que devemos fazer”.

As vezes, nos vemos tão pressionados com os “eventos natalinos”, com a “angustiante alegria” de natal, com a necessidade de se estar com pessoas amadas e nos esquecemos que o Natal é apenas o inicio. É a vida nasce, é a esperança que nasce. Muitos questionam a validade do dia “25 de dezembro” alegando que não é uma data originalmente cristã e que Jesus não nasceu nessa data, mas, eu acredito que o 25 de dezembro foi um escolha mais que feliz para a celebração do nascimento de Cristo. Isso porque, para os povos pré-cristãos da Europa, o dia 25 de dezembro estava associado ao Solstício de Inverno do hemisfério norte, e era a noite do dia 24 mais longa do ano e, assim, havia festejos com nascer do sol, isto é, o sol que vence as trevas, o nascer do dia era o nascer da esperança.  Quando a cristandade adota o dia 25 de dezembro como Natal de Cristo, há também a conotação de esperança, pois, assim como o Sol vence as trevas da noite,  Cristo também atravessa e vence os três dias de trevas da morte e ressuscita. É o nascimento da esperança.

O nascimento e a ressurreição de Cristo são faces do mesmo mistério, que nos fala de esperança e recomeço.

Mas, então é natal. O que você precisa fazer? Precisa se reencontrar com Deus? Precisa se acertar com sua família? Precisa expressar seu amor por meio de um presente? E o que você tem feito?

Às vezes, pensamos demais e agimos de menos. Às vezes achamos que fazemos tudo errado. Mas, agora isso não importa, porque é Natal. E a alegria do Natal é a esperança do recomeço, de que tudo vai dar certo! O nascimento de Cristo, para a cristandade, traz a certeza que Deus caminhou/caminha ao lado do homem. E tudo é possível. Assim, mesmo que estejamos imersos numa longa noite da vida, o natal é um símbolo vivo que o amanhecer vem. Basta ter esperança.

Feliz Natal!

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Fabricio Fonseca Moraes (CRP 16/1257)

Psicólogo Clínico de Orientação Junguiana, Especialista em Teoria e Prática Junguiana(UVA/RJ), Especialista em Psicologia Clínica e da Família (Saberes, ES). Membro da International Association for Jungian Studies(IAJS). Formação em Hipnose Ericksoniana(Em curso). Coordenador do “Grupo Aion – Estudos Junguianos”  Atua em consultório particular em Vitória desde 2003.

Contato: 27 – 9316-6985. /e-mail: fabriciomoraes@yahoo.com.br/ Twitter:@FabricioMoraes

www.psicologiaanalitica.com

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